O tempo passou rapidamente e foram necessárias algumas adaptações nos textos da primeira edição desta obra. O mercado de resseguro brasileiro vivenciou os dois primeiros anos de sua abertura, com muito aprendizado prático. Se há profissionais ainda perplexos diante dos novos cenários que se apresentam, outros tantos e certamente em número muito maior estão ainda festejando as novidades, os novos paradigmas. Não há a menor dúvida de que muita coisa mudou, muitos procedimentos deixaram de prevalecer ou mesmo de existir. Profissionais ávidos por novos horizontes e possibilidades sabem aproveitar as oportunidades que se apresentam.

O contato intenso com os novos players e agora não mais apenas de maneira “virtual” como aconteceu por muitos anos que antecederam à Lei Complementar 126/2007, tem propiciado descobrimentos vários. Primeiro, que é necessário fortalecer o aprendizado sobre a ciência do resseguro. Segundo, que há um longo caminho a ser percorrido ainda e em razão das décadas de afastamento da realidade internacional.

O mercado segurador brasileiro manteve-se demoradamente no monopólio de resseguro, cujo cenário deixou muitos reflexos e todos eles deverão ser neutralizados em curto espaço de tempo. Opera a favor do mercado a criatividade brasileira e a rapidez com que a nossa gente se adapta aos novos cenários, enfrentando desbravadamente os desafios que se apresentam. Em curto espaço de tempo e no espaço de não mais de cinco anos, vislumbraremos um novo mercado segurador. A abertura do resseguro propiciará essa mudança. Os mais céticos podem não acreditar nesse poder de transformação que tem o resseguro, até porque os valores relativos à operação são ainda tímidos se comparados à produção do mercado segurador direto. Enganam-se, contudo.

O resseguro tem sim uma força transformadora, a qual impõe novos paradigmas. Todos já sentem a sua força gravitacional neste sentido e dificilmente haverá como repeli-la. Outros mercados já passaram pelo processo, mesmo aqui na América Latina: Chile e Argentina são exemplos recorrentes e muito próximos de nós. Impossível permanecer indiferente diante da força centrífuga do resseguro. Contudo, as Seguradoras devem apresentar resistência, na mesma proporção e até mesmo para equalizar as forças, mantendo-se a equidade nas relações.

Não pode e não deve existir poder de domínio; nem a pretensão sobre tal prática. O mercado segurador direto deve se fortalecer em know how, também em resseguro, situando-se de forma alinhada aos seus novos parceiros de negócios. As Seguradoras precisam, portanto, conhecer resseguro. Somente através do conhecimento adequado poderão contratar efetivamente em bases negociais que atendam às necessidades e aos legítimos interesses de cada uma delas.